Confira!


A União do Parque Curicica manda avisar, se liga Jacarepaguá, Alô Curicica. Coração azul, vermelho e branco, vamos nessa. Grito de guerra de quem quer batalha, uma peleja do bem, pelo Carnaval. De quem é do sub-bairro, mas quer ser grande como o bairro. JPA é uma cidade na densidade, no território e na potência de exportação de sambista. A mão negra e a branca colhem as lindas Gardênias Azuis, à beira de um Rio Grande. Apenas o amor valora, uma Pechincha. Na batalha de amor, os tiros dados pelo Tanque municiado por gardênias, ganham cor Anil, da luz. A Seca de samba é eivada de vigor e swing, coisa de Deus. As fortes Taquaras construindo a Freguesia do século XXI, desta vez do samba dentro daquela singela Vila, mais uma Colônia da grande Curicica. Das ex-grupo B é uma das que mais se expandiu, mais cresceu. Florescendo no parque a união, a ideia de conjunto, a força de comunidade. Não dá para ser Império Serrano ainda. Mas há bem cristalina a percepção de que ano após ano é mais forte. 2013 impulsionada pela Portela, 2014 por um porre de cachaça depurador e 2015 por nada, apenas pelo organismo em construção e enrijecimento. Quando germina samba, costuma ser um caminho sem volta. E a Curicica já dá sinais de formação. Embrionário, e vivo. Um cruel aborto seria algo dar errado, com todas energias rumando ao certo. Um ensaio muito bem executado, na medida do possível para uma escola em processo de robustecer. Ensaio correto, com shows pontuais. Musicalmente, hoje e sem exageros, a Curicica é das certezas desse grupo. Já que a festa é audiovisual, o áudio é garantia da casa. Mestre Lolo, premiadíssimo, e Ronaldo Yllê, menos premiado do que poderia, dão o tom de um dos melhores casamentos sonoros do grupo. O samba cronologicamente coerente ao enredo é satisfatório. Não fica entre os piores do grupo, também não entre os melhores. Dois refrões animados, um acompanhado das palmas e outro “Da Vila, da Vila”. Quer companhia melhor? Mas claro não é um samba Viradourístico, nem Renascerista, é só um samba com acertos e erros. E talvez o erro seja não dar vazão ao ímpeto dos componentes da escola que estão querendo, mas ainda precisam de um algo a mais. O canto foi apenas regular. Os quesitos são bons, nivelado ao todo. Hélder Sátiro, coreógrafo da Comissão de Frente, mostrou alguma coisa do desfile oficial. Só o básico mesmo. O casal, Jeferson e Mara Rosa, teve uma apresentação correta, com bom entrosamento, embora seja a primeira temporada deles juntos. Em 2014, Wanderson Sodré, hoje diretor de Carnaval, era o Mestre-Sala. E a escola perdeu quatro décimos, com a base de justificativas norteada nos pecados na Indumentária. Corrigindo essa questão de fantasia, o novo casal tem potencial de nota alta. O canto não impressionou, é verdade. Mas foi um ensaio honesto, bem organizado, um bom contingente. Correto é um bom rótulo. Pela primeira vez desde a junção dos grupos, a Curicica não aparece como uma das preferidas ao descenso e não seremos nós que colocaremos. Curicica está bem na jogada.

Império do divino. Divino Império abrindo o cortejo com um samba inesquecível e atual. É para não deixar ninguém de fora. Imperiano de 20 a 80 anos. Todo mundo num só corpo, como uma procissão. Uma sinergia de fé. E a fé move o camarada do Império e assim se fia o desejo de continuar desfilando e fazendo sua parte. Nos últimos anos não foi fácil, são seis anos de Acesso, dificuldades mil, mas o Império vai com a força de sempre. Em crises nababescas, o Império desfila muito. Em momento de boa fase, o Império desfila muito. Só a falta de organização, planejamento e eventualmente honestidade fazem o Império não trilhar o rumo natural do sucesso e dos campeonatos. O castelo imperiano não é de areia, é de aço. Mas o aço não é inquebrantável. E o Império já levou algumas pancadas na junta, umas quebras na solda, estacas no coração. O espírito é forte, guerreiro e há de ser perene. O Império não a toa possui o nome da dominação. A pujante ascendência imperial. Enriqueça e fortaleça o exército, lema propalado pelo último Império, o Japonês. No Império remanescente o mote pode ser similar. Fortaleza imperiana é o imperiano. Como aquela senhora do ensaio técnico com uma bandagem na perna e os cabelos brancos dispostos. Que sejam fortalecidos. Não o mecenas, nem o pote de ouro por trás do enredo patrocinado, tampouco a contratação de peso. Esses podem aparecer na contingência, apenas para emoldurar. O Império só precisa do arroz com feijão para exercer dominação hegemônica numa área de influência. Ensaio técnico condizente à força do Império Serrano, inicialmente pelo samba, que é um dos melhores do grupo, se não for o melhor. Apenas os versos sucessivos “O branco é a paz e o verde a esperança “ de ver o mundo só fazer o bem” não tão criativos e conclusivos. No mais é lindo, muito bem construído, melodioso sem ser mala e que surpreendeu pelo desenrolar no ensaio, teve um andamento correto, não cansou. Fluiu bem na voz do Cremílson que tocou bem o barco e foi um grande destaque , execução a altura do samba. Comissão de Frente do Handerson Big fez uma homenagem bonita à Dodô, Porta-Bandeira legendária da Portela e do Carnaval, o que agrada, é um respeito à história, algo comum numa escola de tanta história pra contar. A Comissão deve trazer uma coreografia mais tradicional coadunada ao enredo que pede uma postura mais contida de um quesito apresentador de um Império falando de religiosidade. O casal é top no grupo, formado por Raphaela Caboclo e Feliciano Júnior. Os dois mostraram muita leveza e elegância. Candidatos a dez. O canto teve viés de queda na reta final, mas não brusca. Evolução pecou na organização de alguns componentes, principalmente no final da escola. Na Fórmula 1 tem o leão de treino. É o camarada bom de dar uma voltinha rápida. O imperiano é tradicionalmente leão de corrida, chega na decisão e cai dentro, toca roda com roda, bandeira amarela, Safety Car, temporal e vai pra bandeirada, quando não em primeiro, deixando sua marca. Quesitos corresponderam bem, samba quase impecável bem executado, barracão em bom andamento e bonito, comunidade de sempre. A lógica diz que o Império Serrano vai brigar.

Ranking:

1º - Estácio de Sá
2º - Renascer de Jacarepaguá
3º - Paraíso do Tuiutí
4º - Império Serrano
5º - União do Parque Curicica
6º - Alegria da Zona Sul
7º - Caprichosos de Pilares
8º - Inocentes de Belford Roxo
9º - Santa Cruz
10º - Unidos de Bangu
11º - Em Cima da Hora